18 de outubro de 2011

A libélula no âmbar - Diana Gabaldon



Para quem terminou a leitura do livro I (A viajante do tempo), a aventura só está começando. Há muitas venturas e desventuras em série para acontecer. Muita àgua para  rolar debaixo da ponte. Em meio a tudo isso, uma certeza: se no primeiro livro, o amor entre Jamie e Claire se constrói a base de provas mútuas de apreço, o segundo livro apresenta o amor estabelecido, em estado bruto. Diana Gabaldon nos presenteia com a vida de casados de Jamie e Claire. A julgar pelas turbulências dos eventos históricos que os rodeiam, o casamento é uma união sem garantias no tempo. E a fenda do tempo entre as pedras da colina Craigh na Dun, como sempre, faz uma eloquente presença. Se no primeiro livro, o casal vencia o obstáculo do tempo em nome da união inseparável e eterna de suas almas, no segundo livro, há o acerto de contas com a história. E tudo fica traduzido no dilema "È possível alterar o curso da história? Se sim, quais as consequências? Qual o preço a pagar?"

A história transcorre em dois tempos distintos. Por intermédio de um salto no tempo, vamos parar logo de início em 1968. É quando a narrativa nos apresenta uma Claire mais velha e, sua filha, Brianna, já adulta. E o coração do leitor dispara diante do enorme ponto de interrogação que tudo isso parece ser. Como assim? Deixei o primeiro livro com um cenário tão promissor de esperança e vidas refeitas, como pode a Claire estar a duzentos anos do que vivera de forma tão real com Jamie? É duro, é doloroso, caro leitor, mas essa é a âncora que o manterá preso às turbulentas àguas dessa história cheia de reviravoltas. E Claire, Brianna e Roger, perseguindo pistas, logo lhe darão todas as respostas possíveis.

É...a história da Escócia é forjada em rastro de traição e muito sangue.

A maior parte da trama, porém, acontece duzentos anos antes de 1968. É quando Jamie e Claire partem para a corte francesa na tentativa de impedir que o príncipe Charles Edward Stuart, (Bonnie Prince Charlie) retome a dinastia dos Stuart. É uma aposta arriscada em que, a depender do sucesso da empreitada, poderá valer a preservação e o bem-estar dos clãs escoceses, dentre eles o clã Fraser. O insucesso é o corredor da morte. O fim, sem contemplação ou salvação. Em se sabendo de antemão o desastre que foi a batalha de Culloden em 1746, a leitura se leva com o coração na mão. Mesmo assim, Jamie e Claire vão até o fim em sua missão como agentes duplos.

Apesar do drama, quem conhece o estilo Gabaldon sabe que o humor refinadamente irônico é um prazer a mais. E claro, o relacionamento de Claire e Jamie continua disputando lugar com circunstâncias as mais extremas e variadas. Tudo com anabolizantes. O final reservas surpresas chocantes, dolorosas e passagens memoráveis de tão lindas.

Um ótimo elenco de novos personagens nos são apresentados: Mestre Raymond, Madre Hildegarde, Lord Lovat, Brianna Randall, Roger Wakefield,  Jovem Simon, Mary Hawkins, Alex Randall, John Grey e Claude, rebatizado como Fergus... (Gente, muito personagem bom!)

E os demônios continuam a assombrar: Black Jack Randall, o retorno. Além das suas já conhecidas vilanias, ele tem uma história do tipo "gente como a gente".


E Claire e Jamie. Jamie e Claire. Cara, como eles não são fáceis. Cometem coisas terríveis, passam por altos bocados, pagam o preço pelas escolhas certas e erradas, mas evoluem. Assim como acontece na vida real.


Acompanhar essa história tem se traduzido na superação de todas as minhas expectativas. Diana Gabaldon, apesar da trama longa, não se perde. Ao contrário, mostra que não tem preguiça de criar uma história que, longe de abusar de fórmulas fáceis, nos surpreende pela originilidade. È preciso muito pesquisa e muito tutano para criar um romanção como esse. Não posso deixar de mencionar o cuidado que a autora tem para com os novos leitores. Ela sabe inteirá-los dos eventos passados e dos personagens antigos com muita competência, evitando tornar a narrativa maçante para quem já conhece a história. Sempre termino de ler um Gabaldon pensando: "Caramba! Quanta coisa aconteceu!" É como se a narrativa se passasse no tempo real, em conformidade com a contagem ordinária dos anos, meses, semanas, dias, horas, minutos e segundos. Isso tudo dá robustez, profundidade e coerência ao romance. Diana Gabaldon prova que é possível escrever livros longos, sem que, para isso, tenham que ser necessariamente monótonos.


E bora pra frente!

3 comentários:

  1. Chorei horrores neste livro.

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  2. Eu também. É impactante! Beijocas

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  3. Tô bege!! Terminei o primeiro livro, e quando fui procurar o segundo, a Libélula Ambar, o livro está esgotado! Já procurei em todas as livrarias de SP, até em sebo!!!!
    Bjsssssssss, Tania

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